Fogos de artifício podem prejudicar a audição
Especialista da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) alerta para danos causados por rojões e indica cuidados nessa época do ano
Durante as festas de réveillon, é comum o uso de fogos de artifício para celebrar a chegada de mais um ano. Apesar de ser uma data de extrema comemoração, existem riscos que devem ser levados em consideração para que a saúde auditiva não seja prejudicada.
Segundo Felippe Felix, médico especialista em otologia e membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), os fogos podem causar danos à audição e, em muitas situações, eles são permanentes – nos casos mais graves.
“A exposição a sons acima de 85 decibéis já pode causar problemas auditivos, e os fogos de artifício chegam a 140 decibéis. E quanto mais próxima a pessoa estiver dos fogos, maior a chance de provocar danos à audição ”, explica o especialista.
O som entra pelo conduto auditivo até chegar à cóclea, onde ficam as células ciliadas, que são os receptores sensoriais do sistema auditivo. Em situações de som alto e forte, como a explosão dos fogos de artifício, as células da parte interna do ouvido podem ser danificadas, levando a um trauma acústico, que resultará na queda súbita de audição.
A proximidade da explosão de rojões e a exposição aos fogos podem desencadear sintomas temporários ou permanentes, que vão variar de acordo com o nível da lesão. E os primeiros indícios são sensação de ouvido tapado, dificuldade para ouvir, tontura em alguns casos e zumbidos.
“Caso qualquer um dos sintomas permaneça por mais de um dia, é necessário que o indivíduo procure um especialista”, alerta Felix.
As lesões podem ocorrer em qualquer pessoa exposta ao som, mas quem possui alguma predisposição genética ou já convive com ruídos contínuos em seus ambientes de trabalho, por exemplo, apresentam maior probabilidade de dano permanente na audição.
“O ideal é se manter longe da fonte sonora ou usar protetores de ouvido que funcionam como atenuadores sonoros, diminuindo o grau de exposição ao barulho”, acrescenta o otologista.
É importante também respeitar a distância recomendada na embalagem do produto. Assim, o estouro não será tão prejudicial ao sistema auditivo.
Ainda que em épocas festivas o estrondo do show de luzes no céu seja comum, já existem fogos de artifício sem estampido, que proporcionam os efeitos luminosos com menor risco. Na visão do especialista, esse recurso é o mais apropriado e poupa possíveis danos. “Isso com certeza beneficia todos que estão participando do evento e evita a lesão auditiva”, finaliza Félix.
Sobre a ABORL-CCF
Com mais de 70 anos de atuação entre Federação, Sociedade e Associação, a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), Departamento de Otorrinolaringologia da Associação Médica Brasileira (AMB), promove o desenvolvimento da especialidade por meio de seus cursos, congressos, projetos de educação médica e intercâmbio científicos, entre outras entidades nacionais e internacionais. Busca também a defesa da especialidade e luta por melhores formas para uma remuneração justa em prol dos mais de 8.500 otorrinolaringologistas em todo o país.