Quando a mente pede socorro: o impacto silencioso do TDAH em mulheres na menopausa
Psicóloga Danielle Silva revela como o transtorno pode ser agravado pelas mudanças hormonais e por que o diagnóstico precoce é essencial.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) tem impactado cada vez mais a rotina de milhares de mulheres no Brasil e no mundo — em especial durante a menopausa. Nesta fase da vida, muitas enfrentam dificuldades para manter padrões de organização e disciplina, o que pode levar ao agravamento dos sintomas e ao surgimento de outros transtornos, como ansiedade, compulsão alimentar e depressão.
Segundo a psicóloga Danielle Silva, os desafios enfrentados por mulheres com TDAH durante a menopausa têm causas profundas e pouco conhecidas. “É muito comum que nesse período ocorram mudanças hormonais significativas, que por si só já provocam alterações no humor, na memória e na paciência. Mas quando a mulher tem TDAH, esses sintomas se intensificam e se tornam ainda mais difíceis de lidar”, explica.

É importante destacar que o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento. Isso significa que a pessoa já nasce com ele. “Trata-se de uma condição com base neurobiológica e genética, geralmente presente desde a infância, embora muitas vezes o diagnóstico só aconteça na adolescência ou mesmo na vida adulta”, esclarece Danielle.
Apesar disso, o TDAH não surge do nada na vida adulta. O que ocorre, muitas vezes, é que os sintomas passaram despercebidos ou foram confundidos com outras questões, como ansiedade, impulsividade ou simples desorganização. “À medida que a vida adulta exige mais foco, organização e controle emocional, os sintomas se tornam mais evidentes. Fatores como estresse, traumas ou burnout podem acender um alerta — mas esses episódios apenas potencializam algo que já estava presente”, completa a psicóloga.
Quando o TDAH encontra a menopausa
Durante a menopausa, a queda nos níveis de estrogênio pode agravar ainda mais os sintomas do TDAH. Essa redução hormonal afeta neurotransmissores como a dopamina, fundamentais para funções cognitivas como atenção e memória. “Distinguir os sintomas do TDAH das alterações hormonais é um desafio, já que ambos apresentam manifestações semelhantes, como lapsos de memória e oscilações de humor. A diferença está na frequência: os hormonais tendem a ser cíclicos, enquanto os do TDAH são contínuos e persistentes”, detalha Danielle.
Sintomas do TDAH que podem se intensificar na menopausa:
• Desatenção: Dificuldade maior em manter o foco em tarefas diárias.
• Esquecimento: Lapsos de memória frequentes, como esquecer compromissos ou informações importantes.
• Desorganização: Incapacidade de planejar e administrar a rotina com clareza.
• Oscilações de humor: Irritabilidade e mudanças emocionais intensas.
Um olhar mais atento e diagnóstico correto
A psicóloga Danielle Silva reforça que, diante desses sintomas, o ideal é buscar uma avaliação profissional o quanto antes. “Um diagnóstico preciso e especializado permite uma abordagem terapêutica integrada, que considere tanto a gestão do TDAH quanto o equilíbrio hormonal da menopausa”, afirma. O tratamento pode incluir psicoterapia — especialmente a terapia cognitivo-comportamental —, ajustes no estilo de vida e, se necessário, intervenção medicamentosa.
“O primeiro passo é entender que não se trata de fraqueza ou exagero. É uma condição real, que precisa de acolhimento, informação e tratamento adequado”, finaliza Danielle.